A Liberty Films foi o resultado de anos de esforço por parte de Frank Capra para se libertar do studio system e que começou em 1939 com a criação da Frank Capra Productions. Esta produtora, que Capra fundou com Robert Riskin e que tinha os seus escritórios na Selznick International, tentou entrar num acordo com a United Artists para a distribuição dos seus filmes, mas a relutância de Charlie Chaplin inviabilizou o negócio.
Em Maio de 1941, Alexander Korda, Selznick e Capra tentaram tomar o controlo da United Artists, mas a compra nunca se realizou e o realizador acabou por fechar a Frank Capra Productions em Dezembro de 1941, quando “suspendeu” a sua carreira para se alistar no exército.
Após a Guerra, Capra discutiu o seu futuro como independente com Sam Briskin, um antigo produtor da Columbia Pictures, e o resultado foi a criação da Liberty Films. Capra via o futuro da indústria cinematográfica dominada por realizadores-produtores, aos quais a Liberty Films providenciava condições financeiras e artísticas. Com esta visão, Capra conseguiu convencer outros a juntarem-se à Liberty, nomeadamente os realizadores William Wyler e George Stevens. A produtora conseguiu um acordo com a RKO Radio Pictures para a distribuição dos seus filmes em troca de 15 milhões de dólares para a produção de 3 filmes, um de cada realizador.
A sorte da produtora não durou muito tempo e as ambições da Liberty Film foram feridas de morte logo no início: Wyler estava ainda sob contrato de Sam Goldwyn e só estaria disponível para a Liberty após realizar mais um filme; Stevens teve de aguardar meses para ser exonerado do exército e também não estava disponível para a Liberty. Perante este cenário apenas restava Capra que avançou para a sua obra-prima, Do Ceu Caiu uma Estrela. O filme custou 2,3 milhões de dólares, o mais caro da carreira de Capra, e revelou-se um fracasso de bilheteira, gorando as expectativas criadas à volta da nova produtora independente. O cenário tornou-se ainda mais negro quando o filme que Wyler realizou para Sam Goldwyn (Os Melhores Anos das Nossas Vidas), arrecadou 11,3 milhões de dólares e se tornou o 2º maior sucesso de bilheteira até ai, apenas superado por E Tudo o Vento Levou. Inadvertidamente Wyler contribuíra para o fim da Liberty Films sem se quer realizar um único filme para a produtora.
Não conseguindo reverter os problemas financeiros em que se encontravam, Capra e Wyler decidiram vender a empresa à Paramount Pictures, mesmo indo contra a vontade de Stevens, que não queria abdicar da sua independência. Stevens juntou-se, então, à Rainbow Productions de Leo McCarey, mas quando se apercebeu que este estava a ter dúvidas quanto ao seu estatuto de independente, Stevens regressou à Liberty Films. Englobados na gigante Paramount, Capra, Wyler e Stevens tinham o estatuto de produtores-realizadores e embora lhes tenha sido prometida autonomia, a verdade é que os seus projectos tinham de ter a aprovação do estúdio, nomeadamente a nível de argumento e orçamento.
A Liberty Films manteve-se como subsidiária da Paramount até Março de 1951, altura em que o estúdio, com a aprovação de Capra, extinguiu a produtora.