As histórias da história do Cinema

História

Os Dez de Hollywood

O fim da 2ª Guerra Mundial (1939-1945) trouxe bastante tensão entre os aliados Estados Unidos e União Soviética. Esta tensão, que durou cerca de 46 anos e ficou conhecida como Guerra Fria, provocou, nos Estados Unidos, um forte sentimento anticomunista e uma verdadeira “caça às bruxas”. O seu epicentro foi o “Comité de Investigação de Actividades Antiamericanas”, criado em 1938 pelo congresso Norte-Americano para investigar a actividade de grupos comunistas e fascistas, mas que ganhou força com a Guerra Fria.

Em 1947, o Comité virou a sua atenção para a indústria cinematográfica, na tentativa de provar que comunistas se tinham infiltrado em Hollywood, nomeadamente na associação de argumentistas, e que existiam filmes que continham propaganda aos ideais comunistas. A reacção inicial da comunidade cinematográfica foi de revolta contra este ataque aos seus direitos, mas rapidamente a situação mudou, quando um grupo de profissionais testemunhou perante o Comité e apoiou as suas actividades, nomeadamente denunciando colegas. Das centenas de profissionais suspeitos de actividades comunistas e intimados a comparecer perante o Comité, dez recusaram testemunhar, alegando que os seus direitos estavam protegidos pela Constituição, e colocaram em causa a legitimidade das investigações. O grupo, que ficou conhecido como os “Dez de Hollywood”, pagou caro as suas acções, já que foram julgados por desrespeito ao Congresso e sentenciados a um ano de prisão e a pagar uma multa de mil dólares cada. No entanto, a sua pena não ficaria por aqui, já que, à excepção de um deles (Edward Dmytryk, que, entretanto, decidiu colaborar com o Governo e denunciou mais de 20 outros colegas), o grupo passou a fazer parte da “lista negra de Hollywood”.

A lista foi criada pelos maiores responsáveis da indústria cinematográfica que, numa reunião em Nova Iorque em 1947, decidiram unir esforços para eliminar actividades subversivas na indústria e, assim, mostrar o seu patriotismo perante o Governo e a opinião pública. A lista incluía qualquer profissional investigado, acusado ou apenas suspeito da mínima actividade comunista e, como consequência, as pessoas na lista eram impedidas de trabalhar na indústria cinematográfica. Suspeita-se que mais de 300 pessoas terão feito parte da “lista negra” (sempre negada pelos estúdios de Hollywood) e deixado de exercer a sua profissão.

O Comité cessou as suas funções em 1954, mas a “lista negra” apenas terminou durante a década de 1960. Muito embora as suas figuras controversas, já que eram comunistas assumidos, os “Dez de Hollywood” são as faces mais visíveis de um episódio que envergonha a indústria cinematográfica norte-americana. Os “Dez de Hollywood” são:

  • Herbert J. Biberman (1900-1971) – realizador
  • Edward Dmytryk (1908-1999) realizador
  • Robert Adrian Scott (1911-1972) – produtor
  • Lester Cole (1904-1985) – argumentista
  • Albert Maltz (1908-1985) – argumentista
  • Samuel Ornitz (1890-1957) – argumentista
  • Dalton Trumbo (1905-1976) – argumentista
  • Ring Lardner Jr. (1915-2000) – argumentista
  • John Howard Lawson (1894-1977) argumentista
  • Alvah Bessie (1904-1985) – Argumentista

The End