Imagem de um filme de George Mélies, onde se pode ver, no canto inferior esquerdo, a marca anti-pirataria
Nos primórdios do cinema, a circulação de filmes era bastante livre e ladrões sem escrúpulos facilmente obtiam cópias que passavam como produções próprias, lucrando facilmente. Tal como nos nossos dias, a pirataria era já nessa época uma preocupação das empresas cinematográficas, que tiveram de tomar medidas preventivas. O primeiro passo foi a colocação do logotipo do produtor nos intertitulos dos filmes, numa demonstração de propriedade e como forma de divulgação da marca. No entanto, esta solução não se revelou muito eficaz, já que os ladrões facilmente substituíam os intertitulos.
Sem os meios digitais modernos, as empresas cinematográficas pensaram onde colocar os seus logotipos, de forma a não poderem serem substituídos, tapados ou alterados. Decidiram, então, coloca-los… nos cenários. A sua colocação não se limitava a um local discreto: directamente na parede ou incrustados num cofre, por exemplo, os logotipos surgem em locais de destaque, muitas vezes ao centro do ecrã.
Esta prática não se limitou aos filmes norte-americanos e é também possível vê-la nas produções francesas de George Mélies, da Gaumont ou da Pathé Freres. Se nos filmes de Mélies a incorporação do logótipo era mais imaginativa (e discreta), já as restantes empresas seguiam a prática americana, colocando a sua marca proeminentemente no ecrã.
A colocação de logotipos nos cenários deixou de ser uma prática comum por volta de 1912, no entanto, os actuais logotipos dos canais de televisão, que vemos quase permanentemente nos ecrãs, mais não são do que versões modernas de uma prática com mais de 100 anos.
Texto e imagens com base no artigo Bugs: The Secret History de David Bordwell.
The End