As histórias da história do Cinema

História

O Declinio da Pathe Freres nos Estados Unidos

No final da década de 1900, o cinema deixou de ser visto como uma novidade e começou a transformar-se numa indústria de pleno direito. O melhor exemplo disso mesmo é o número de espectadores semanais nos Estados Unidos: em 1909, 45 milhões de pessoas gastavam 5 ou 10 cêntimos de dólar (dependendo da localização da sala) para assistir a um filme, o que representava receitas de 3 milhões de dólares por semana. Os números tornam-se ainda mais impressionantes se comparados com o presente: em 2005 houve menos 900 milhões de espectadores do que em 1909, cujo total anual foi de 2.34 biliões de espectadores.

Com 10 mil nickelodeons em funcionamento e empregando mais de 100 mil pessoas, o cinema era, nos Estados Unidos, uma industria que ganhava cada vez mais peso na economia do país. No entanto, o panorama cinematográfico era dominado por uma empresa estrangeira: a francesa Pathé Frères. Com as suas produções de qualidade, a Pathé era a única empresa com os recursos para “alimentar” um mercado tão vasto e cujo público exigia filmes novos todas as semanas. Para além da qualidade dos seus filmes, a Pathé beneficiou das lutas que as diversas produtoras norte-americanas travavam entre si por causa de patentes e licenças e que as impedia de se concentrarem na produção de filmes. Perante este cenário, os filmes da Pathé dominavam 60% do mercado americano e parecia que o domínio da produção “fabril” da empresa francesa estava para durar, mas…

Na década de 1910, a produção cinematográfica norte-americana…americanizou-se, apostando em temas que os norte-americanos se identificavam. Assim, começou-se a assistir, não só ao aumento de westerns, com o cowboy e o índio como dois ícones nacionais, mas também a dramas centrados em temas sociais do país, como A Corner in Wheat sobre a luta dos criadores de trigo norte-americanos.

Ao mesmo tempo que ocorria a americanização da produção, as principais empresas produtoras formavam a Motion Pictures Patentes Company (MPPC), criando um monopólio que deixava de fora os produtores independentes. Com a Kodak a concordar em vender película apenas aos membros da MPPC e esta a distribuir filmes apenas a exibidores licenciados por ela, a Pathé optou por integrar a MPPC, ajudando a excluir os independentes e, por consequência, as produções estrangeiras. Com a sua posição enfraquecida, a Pathé reorganizou a sua produção e apostou em filmes “americanos”, mas o mal estava feito.

Embora continua-se a manter uma forte presença nos Estados Unidos até ao início da I Grande Guerra Mundial, nomeadamente através da sua invenção os newsreels, o domínio da Pathé nos Estados Unidos tinha acabado.

Imagem: Adrien Barrère, Public domain, via Wikimedia Commons

The End