O filme O Dia em que a Terra Parou nasceu da história Farewell to the Master que Harry Bates publicou em 1940 na então conhecida revista de ficção científica Astounding Science Fiction. Numa altura em que a ficção-científica era levada pouco a sério (até ai os melhores exemplos do género eram Metropolis, Things to Come e algumas séries para as matines de sábado como a do Flash Gordon), A 20th Century Fox interessou-se pela história e adquiriu-a com o objectivo de produzir um filme de qualidade.
A escolha do realizador é um bom exemplo da seriedade com que o estúdio encarou o filme e coube a Robert Wise, então com 37 anos, liderar o projecto. Wise começou a sua carreira cinematográfica como técnico de som com apenas 20 anos, mas foi como técnico de montagem que a sua carreira começou a ganhar forma, nomeadamente como responsável por dois filmes de Orson Welles: O Mundo a seus Pés e O Quarto Mandamento. Em 1944 realiza o seu primeiro filme (Mademoiselle Fifi) e dá o mais importante passo de uma carreira que se estendeu por mais de 60 filmes, entre os quais West Side Story – Amor sem Barreiras, Musica no Coração, O Caminho das Estrelas, entre outros. Numa entrevista, Wise revelou que o que o atraiu para O Dia em que a Terra Parou, foi o facto de o extra-terrestre não ser maléfico e a história de ficção-científica ser passada na terra, o que lhe conferia um maior realismo.
Para o papel principal, Wise pretendia Claude Rains, o Capitão Louis Renault de Casablanca, mas o responsável da Fox, Darryl Zanuck, tinha visto Michael Rennie numa peça em Londres e considerou que uma cara desconhecida traria outra dimensão ao personagem Klaatu.
Muito embora o seu cepticismo inicial, Patricia Neal foi a escolhida para a principal personagem feminina e a sua interpretação é bastante convincente. Na sua autobiografia, Neal considera O Dia em que a Terra Parou o melhor filme de ficção-científica algumas vez feito, mas revela que teve dificuldade em manter uma cara séria durante as filmagens e muitas vezes teve de morder os lábios para não se rir.
Devido aos seus 2,2 metros de altura, a escolha para desempenhar o papel do robot Gort recaiu em Lock Martin, porteiro do famoso cinema chinês em Los Angeles. Muito embora a altura de Martin, foi necessário construir uma estátua gigante do robot para as cenas onde era preciso enfatizar a sua dimensão. Construída à base de fibra de vidro, a estátua difere do fato de látex utilizado por Martin e durante o filme é possível ver as diferenças entre ambos.
O robot e nave espacial são da responsabilidade de Lyle Wheeler e Addison Herh, que os conceberam de uma forma linear e de forma a enfatizar a racionalidade e “clareza de visão” da raça extraterrestre, em contraponto com a “confusão” existente no planeta terra.
Para a banda sonora do filme a escolha recaiu no temperamental Bernard Herrmann (Psycho e Taxi Driver) que optou por música electrónica à base de sons experimentais e que viria a tornar-se uma referência neste tipo de género cinematográfico.
Produzido em plena guerra-fria com um orçamento de 950 mil dólares, O Dia em que a Terra Parou estreou em Setembro de 1951 e a sua mensagem contra o comunismo e guerra nuclear desde cedo foi assumida pelos produtores. Devido à cena em que Klaatu é ressuscitado e ao facto de este escolher o nome Carpenter (Carpinteiro) quando decide conhecer melhor o planeta terra, muitos veem também no filme uma mensagem religiosa, mas esta nunca foi um objectivo dos responsáveis.
O conjunto das suas partes faz de O Dia em que a Terra Parou um bom filme cuja mensagem política e social se mantém tão actual como em 1951 (exemplar a crítica ao papel das Nações Unidas).
The Day the Earth Stood Still
20th Century Fox, Estados Unidos, 1951, 92 min., ficção-científica, Realizador: Robert Wise. Argumento: Edmund H. North, baseado na história Farewell to the Master de Harry Bates. Actores: Michael Rennie, Patricia Neal, Hugh Marlowe, Sam Jaffe, Billy Gray, Frances Bavier, Lock Martin, Drew Pearson, Frank Conroy, Edith Evanson, Tyler McVey
Uma nave espacial aterra em Washington com a missão de avisar os habitantes da terra em desistirem das guerras ou serão destruídos.
The End