Embora a década de 50 tenha sido fértil em filmes de ficção-cientifica, poucos terão marcado tanto o género como O Dia em que a Terra Parou e Planeta Proibido. Este começou como um projecto de baixo orçamento dos produtores Allen Adler e Irving Block, mas estes, em vez de apresentarem a ideia à um estúdio de filmes B, apresentaram a sua história, na altura intitulada “Fatal Planet“, à Metro-Goldwyn-Mayer (MGM). Surpreendentemente o estúdio gostou da história e viu nela a oportunidade de produzir o seu primeiro filme de ficção-cientifica. O empenho do estúdio foi tal, que se comprometeu a investir fortemente no filme, tendo este acabado por custar perto de 2 milhões de dólares, o dobro do que estava inicialmente previsto. No entanto, o compromisso da MGM implicou algumas alterações no argumento, que esteve a cargo de Cyril Hume, um romancista com pouca experiência em argumentos, mas que soube trazer novas ideias à história e integrar na perfeição os elementos de “A Tempestade”, a peça de William Shakespeare em que a história de Adler e Block se baseia.
A nível de casting, Planeta Proibido conta com a participação de excelentes actores, entre eles, Walter Pidgeon, cuja carreira começou no cinema mudo e se expandiu à Broadway, Anne Francis, que interpreta a personagem Altaira, e Leslie Nielsen. Mais conhecido como actor de comédia, Nielsen tem, aqui, a sua grande estreia cinematográfica e logo como protagonista e galã. Planeta Proibido deu um impulso fantástico à carreira de Nielsen, que foi sedimentada posteriormente com papéis dramáticos, quer em filmes, quer na televisão. Apenas em 1980, ao protagonizar a comédia Aeroplano, é que a carreira de Nielsen tomaria o rumo porque é mais conhecido.
Planeta Proibido conta, ainda, com outras “estrelas”, nomeadamente o monstro ID, que marca a única vez em que um grupo de animadores da Walt Disney Pictures participou num filme que não da Disney, e Robby o Robot, um dos mais famosos robots da história do cinema. Desenhado por Robert Kinoshita, “interpretado” por Frankie Darro e com voz de Marvin Miller, Robby custou cerca de 125 mil dólares (o mais caro adereço do cinema à época) e foi um fenómeno de popularidade. De tal forma, que o robot teve direito a uma linha de merchandising própria e que ainda hoje é um sucesso, tendo surgido em diversos filmes e séries de televisão ao longo dos anos (os filmes The Invisible Boy (1957), Gremlins (1984) e Absolutamente Loucos (1988) e as séries Quinta Dimensão e The Man From U.N.C.L.E. são apenas alguns exemplos). Actualmente, Robby faz parte da colecção particular do realizador Bill Malone, considerado o maior coleccionador de objectos de Planeta Proibido.
As filmagens de Planeta Proibido decorreram, quase na sua totalidade, nos estúdios da MGM, onde foi necessário construir um fundo circular com cerca de três mil metros, tendo sido reutilizados parte de cenários de outros filmes do estúdio, entre eles um jardim do filme O Feiticeiro de Oz. Antes da estreia do filme, os executivos da MGM resolveram testa-lo perante o público, uma vez que estavam receosos que a inovadora banda sonora do casal Bebe e Louis Barron não fosse bem aceite pelos espectadores. Mas a reacção do público foi estrondosa, de tal forma que os executivos da MGM não permitiram mais nenhuma alteração ao filme e a versão que estreou no famoso Grauman’s Chinese Theatre, a 1 de Abril de 1956, foi a primeira do filme, que tinha, no entanto, algumas incongruências. Ao longo dos anos Planeta Proibido teve outras versões, nomeadamente quando foi exibido em televisão: a algumas cópias foram cortadas cenas do monstro ID, consideradas muito assustadoras para o público mais jovem (o monstro foi criado pelo mesmo grupo de pessoas que criou A Branca de Neve e os Sete Anões, Pinóquio, Bambi e Fantasia!).
Embora destinado a um público jovem, Planeta Proibido foi um sucesso total, inclusive dos diversos produtos de merchandising e até do livro que romanceou a sua história. Numa prática comum em Hollywood, o sucesso de Planeta Proibido levou ao surgimento de uma onda de filmes e séries de televisão que tentavam emular as suas características, mas a verdade é que o filme perdura por si só e tornou-se numa fonte de inspiração. O maior exemplo disso mesmo é Star Trek, cujo criador (Gene Roddenberry) confessou que Planeta Proibido foi a sua fonte de inspiração na criação da famosa série de televisão.
Forbidden Planet
Metro-Goldwyn-Mayer, Estados Unidos, 1956, 98 min., ficção-cientifica. Realizador: Fred M. Wilcox. Argumento: Cyril Hume, baseado numa história de Irving Block e Allen Adler. Actores: Leslie Nielsen, Walter Pidgeon, Anne Francis, Richard Anderson, Warren Stevens, Robby the Robot
Uma nave espacial vinda da Terra chega ao planeta Altair-4 e defronta-se com os dois únicos sobreviventes: o Dr. Morbius e a sua filha Altaira.
The End